CATEQUESE FAZ HISTÓRIA NA HUMANIDADE
No novo testamento, o termo “catequese”
significa dar uma instrução a respeito da fé. Em sua origem o termo se
liga a um verbo que significa ”fazer ecoar” (Kat-ekhéo). A Catequese,
de fato, tem por objetivo último fazer escutar e repercutir a palavra
de Deus. (Catequese Renovada pág 18 nº 31)
A HISTÓRIA DA CATEQUESE
Catequese como iniciação à fé e vida na comunidade
Primeira fase: estende
aproximadamente, do século I ao século V. No tempo dos Apóstolos, a
vivência fraterna da comunidade, celebrada principalmente na
Eucaristia maneira de representar e traduzir a mensagem do Cristo
Ressuscitado (1Cor 11, 17-29). Havia uma admissão dos catecúmenos de
três anos, que buscavam:
- Compreender melhor a fé
- Deixar de lado os costumes pagãos
- Realizar um tempo de conversão e santificação
Catequese como processo de imersão na cristandade
Segunda fase: Nesse período que
vai mais ou menos do século V ao século XVI, a catequese já não
consistia tanto numa iniciação à comunidade como se vê na primeira
fase. A sociedade se considerava animada pela religião cristã, que
estabeleceu uma aliança entre o poder civil e o poder eclesiástico,
tal fato denominou-se de cristandade.
Catequese como instrução
Terceira fase: A partir do
século XVI, a catequese passa a valorizar mais aprendizagem
individual, na qual já não era tão marcante a ligação com a
comunidade. Alguns fatores contribuíram para essa instrução tais como:
- A descoberta da Impressa
- A difusão das escolas
- A preocupação com uma maior clareza das formulações cristã.
Catequese como educação permanente para a comunhão e a participação na comunidade de fé
Quarta fase: no século XX, a
catequese faz redescobrir a importância fundamental da iniciação cristã e
o lugar primordial que nela cabe a comunidade.
CATEQUESE, UM MISTÉRIO DE DEUS
De onde vem o chamado para ser Catequista?
Vamos ver de onde vem o chamado de Deus para o ministério de ser catequista:
Os que seguem Jesus e são batizados formam a Igreja.
Igreja – Convocação
(grego) – assembléia
É assim o povo de Deus que se reuni e esse povo tem uma missão:
“Ide, pois, ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do pai, do filho e do espírito santo”. (Mt 28,19)
Assim desde o inicio da Igreja existem os ministérios:
Ordenados – Bispos
Padres (presbíteros)
Diáconos
Bispo: Chefe da Igreja
particular ou Diocese. É uma pessoa chave na Igreja, recebe o sacerdócio
em plenitude e a ele são dados todos os ministérios.
Padre: Colaborador direto do Bispo na evangelização e na distribuição dos ministérios. Pode ser: Diocesanos e Religiosos.
Devem: Pregar o evangelho; presidir a
eucaristia; exercer o ministério dos sacramentos a eles confiados;
animar, coordenar e orientar a comunidade.
Diácono: do grego (diakonia) – serviço
Podem ser: Permanente – como ministério permanente ou Provisório em preparação para ser Padre.
Não ordenados – (Leigos) –
toda a comunidade Igreja, todos aqueles que, recebendo o Batismo,
resolvem assumir o seu papel na comunidade. Entre esses, nós,
catequistas.
“A Igreja para cumprimento de sua missão,
conta com a diversidade de ministérios. Ao lado dos ministérios
hierárquicos, a Igreja reconhece o lugar dos ministérios desprovido de
ordem sagrada. Portanto, também os leigos podem sentir-se chamados ou
ser chamados a colaborar com os seus pastores a comunidade eclesial,
para o crescimento e vida da mesma, exercendo ministérios diversos,
conforme a graça e os carismas que o senhor aprouver conceder-lhes.”
(puebla 804)
CRISTO É O CENTRO DA CATEQUESE
No centro da catequese encontramos
essencialmente a pessoa de Jesus de Nazaré, filho do Pai. Que morreu
por nós e agora ressuscitado vive conosco para sempre (catecismo IC
426).
FINALIDADE DA CATEQUESE
Levar a comunhão com Jesus Cristo: só ele pode
conduzir ao amor do Pai. Portanto aquele que é chamado a ensinar o
Cristo deve conhecê-lo. É desse conhecimento de Cristo que jorra o
desejo de anunciá-lo, de evangelizar e de levar outros ao “sim” da fé em
Jesus (catecismo da IC 428 e 429).
QUEM É O CATEQUISTA?
O Catequista é antes de tudo alguém que escuta e
atende o chamado de Deus (Mt, 9, 37-38). Ele é um mestre em doutrina
religiosa, que enviado por Deus, vai despertar e cultivar a fé dos
catequizados (catecúmenos).
O Catequista é alguém de muita vocação (Ef, 4,1. 2Ts, 1,11).
Virtudes do Catequista:
• Catequista é um mestre de oração (catecismo da IC. 2663).
• O Catequista é um mediador, que facilita a
comunicação entre Deus e o Homem (diretório geral para catequese pág.
162, cap. 156).
• O Catequista é um intérprete da igreja junto aos catequizados (catequese renovada 26, pág 56).
• O Catequista é alguém que catequiza em nome
de Deus e da comunidade profética. Em comunhão com os pastores da
igreja (catequese renovada 26, pág 56 nº 146).
• O Catequista é testemunha ativa do evangelho
em nome da igreja (diretório geral para catequese pág. 165)
A QUEM É DESTINADO A CATEQUESE?
É destinada a todo o homem, de modo particular
os pobres e os menos favorecidos (diretório geral para catequese pág.
172).
A todo batizado porque é chamado por Deus a
maturidade da fé (diretório geral para catequese pág 175 nº 167)
A comunidade cristã é a origem, lugar e a meta
da catequese (diretório geral para catequese pág. 251 nº 253).
A comunidade eclesial de base (diretório geral para catequese pág. 259 nº 263)
Aqueles que desconhecem ou recusam a Deus (Catecismo da IC. nº 49).
MISSÃO DO CATEQUISTA
A missão primordial da igreja é anunciar a Deus e
testemunhá-la diante do mundo (diretório geral para catequese pág. 25
nº 23)
Anunciar o reino de Deus como o próprio Jesus o
fez sendo enviado (diretório geral para catequese pág. 37 nº 34)
Transmitir aos catequizandos a viva
experiência que ele tem dos evangelhos (diretório geral para catequese
pág. 65 nº 66)
Conservar fielmente o evangelho a todos
aqueles que decidiram seguir Jesus (diretório geral para catequese pág.
76 nº 78)
O Catequista dedica-se de modo específico ao
serviço da palavra tornando-se porta-voz da experiência cristã de toda
a comunidade (catequese renovada 26 pág. 55 nº 145)
A CATEQUESE É UM MINISTÉRIO, PORTANTO UM SERVIÇO
A Catequese é uma prioridade em toda a Igreja,
“A Catequese é uma urgência. Só posso admirar os pastores zelosos que
em suas Igrejas procuram responder concretamente a essa urgência,
fazendo da catequese uma prioridade” (João Paulo II, encontro com os Bispos em Fortaleza 10/07/1980).
A Igreja precisa de catequistas, porém, catequistas conscientes com a missão de:
CATEQUIZAR, ENSINAR E EVANGELIZAR.
CARACTERÍSTICAS DE UM BOM CATEQUISTA
• Espiritualidade profunda – rezar e testemunhar o cristianismo, não perder nunca a intimidade com Deus.
• Integração na comunidade – Participar ativamente de toda a vida da Igreja. O catequista deve exercer o ministério de forma continuada e permanente.
• Senso crítico – ler, estudar,
e analisar coerentemente os fatos da Igreja do mundo. A alienação é
um mal que jamais deve tomar o catequista.
• Animação – saber ouvir e
dialogar, buscar não mostrar dúvidas e insegurança, animar de tal
forma o encontro de catequese, que leve o catequizando a um
conhecimento gostoso da doutrina da Igreja.
• Qualidade humanas – didática, psicológicas, equilíbrio, carinho.
• Formação doutrinária – buscar conhecer a doutrina católica, estudar sobre seus diversos aspectos, através de leituras, cursos etc.
Ser catequista não é ser professor.
Aulas são dadas na escola. Os encontros de catequese têm a
preocupação de anunciar Jesus e levar o catequizando a uma aproximação
maior com a Igreja.
Por ser considerado pelas crianças como modelo, o
catequista deve dar testemunho daquilo que prega, de viver o que
anuncia.
O essencial a um bom catequista é o AMOR, daí emana:
- Compreensão
- Carinho
- Dedicação
- Atenção
- Preparação
- Serviço
A CATEQUESE É UM PROCESSO PERMANENTE
A catequese não se restringe apenas à preparação
para 1ª Eucaristia. Antigamente muitos pais, diante da preparação
para 1ª Eucaristia queriam ver seus filhos o mais rápido possível
fazendo ou recebendo a comunhão.
O catequista deve deixar bem claro que primeira
comunhão não é um evento social, onde se desfilam as roupas bonitas,
mas ninguém se preocupa em dar continuidade à vida da Igreja, da mesma
forma os outros sacramentos, daí a importância das reuniões com os
pais, movimentos paroquiais.
CATEQUISTA MESTRE EM ORAÇÃO
“O exemplo de Cristo orante: o Senhor
Jesus, que passou pela terra fazendo o bem e anunciando a palavra,
dedicou, sob o impulso do espírito santo, muitas horas a oração. O
cristão, movido pelo espírito santo, há de fazer da oração motivo de
sua vida diária e de seu trabalho. A Igreja que ora em seus membros
une-se à oração de Cristo” (puebla 932).
Por isso durante toda a sua vida o catequista
deve ser uma referência em oração, e o grande incentivador de seus
catequizandos. O catequista tem esse dever de levar o catequizando a
compreender a necessidade desse encontro pessoal com Deus na oração,
quem não tem um contato diário com Deus na oração, não é capaz de
compreender a própria missão que está no coração do pai, a oração nos
leva à ação.
A oração deve ser:
Simples – porque Deus é simples, e se manifesta na simplicidade.
Sincera – nós devemos ver Deus como um amigo.
Cheia de amor – Deus é amor, daí é preciso estarmos também com a disposição para amar.
A CATEQUESE LEVA A BÍBLIA
A bíblia é o livro da catequese por excelência
(catequese renovada 26, pág 58 nº 154). O catequista deve fazer uma
catequese inteiramente baseada na bíblia, buscando na palavra de Deus a
base do ensinamento do catequizando, o catequista tem a obrigação de
ter um profundo conhecimento da sagrada escritura.
O CATEQUISTA E A EUCARISTIA
A celebração eucarística, centro da
sacramentalidade da Igreja e presença mais plena de Cristo no meio da
comunidade, é o centro e o ponto culminante de toda vida sacramental. (puebla 923)
A eucaristia está no centro da liturgia, e em
redor dela todos os outros sacramentos, por isso o catequista tem que
ser espelho de uma fidelidade constante ao corpo e sangue do senhor.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O CATEQUISTA
Ao iniciarmos uma caminhada catequética é
necessário ter um momento para maior entrosamento entre os catequistas
da comunidade. Para isso é necessário um encontro semanal para
preparação dos encontros, partilha de idéias e experiências de trabalho.
Também um encontro mensal, para se fazer uma avaliação das atividades
desenvolvidas no referido mês, seguida de um momento de
espiritualidade.
COMO FAZER UM ENCONTRO COM OS CATEQUIZANDOS
Ao prepararmos o Encontro de catequese,
devemos nos preocupar com o catequizando: sua vida, suas expectativas.
QUANTO AO LOCAL DO ENCONTRO
• Deverá está em ordem, limpo e agradável. Os
catequistas podem convidar os catequizandos para ajudar na arrumação.
• Utilizar cartazes, figuras sobre o tema em
questão, enfeitar o ambiente para despertar nos catequizandos
interesse pelo tema.
• A Bíblia deve ocupar lugar de destaque no
local do encontro. Usar flores, toalhas e velas sempre que possível.
• Os catequizandos deverão sentar-se em
círculo, para que todos possam ver a todos. Essa é uma maneira de
discerni sobre sala de aula e sala de encontro de catequese.
QUANTO AO ACOLHIMENTO
• Para acolher bem os catequizandos o
catequista deverá chegar um tempo antes do horário de inicio do
encontro para receber a todos com igual atenção, sem demonstrar
preferências.
• Ter um momento de diálogo com os
catequizandos, questionando-os sobre o que fizeram durante a semana,
como estão se sentindo, o que desejam receber na catequese. Não deve
ser um relatório mais sim uma conversa espontânea.
• O ponto de vista do catequizando deve ser respeitado, e sua opinião ser ouvida com bastante atenção.
• O catequista deve dizer sempre a verdade. Se
não souber responder a alguma pergunta, deverá se comprometer em
procurar a resposta e trazer no próximo encontro.
• Não chamar a atenção dos catequizandos na frente de outras pessoas.
• Se o catequizando tiver algum problema, o
catequista deve procurar ser amigo dele para ajudá-lo a superar suas
dificuldades.
• Criar dinâmicas de acolhimento e no decorrer do encontro.
QUANTO À LINGUAGEM
• A linguagem deve ser clara, coerente e simples:
• Nunca falar em tom infantil, mas naturalmente, com firmeza e simplicidade;
• Ter atenção com determinadas palavras que
costumamos usar: Catequese não é um curso, nem escola. Em vez de
“aula” falar “encontro”. Não fazer “provas” nem dar “notas” nem
castigos. Que o relacionamento não seja de “professor” e “aluno”.
• Essas coisas existem na escola, mas não na
catequese, que é o encontro do catequizando com Jesus Cristo e com a
comunidade.
QUANTO A ORGANIZAÇÃO
• O Catequista deve utilizar uma pasta com
materiais para anotar os dados principais do catequizando: Idade,
endereço, escolaridade etc.
• Anotar também a freqüência nos encontros.
• Fazer uma ficha individual de participação para assim acompanhar o catequizando.
ORAÇÃO DO CATEQUISTA:
Senhor, tu me chamaste a ser catequista na tua
Igreja nesse imenso Brasil, na tua comunidade que também é minha. Tu me
confiaste a missão de anunciar a tua palavra, de denunciar o pecado,
de testemunhar, pela minha própria vida, os valores do evangelho.
Recuo diante do teu chamado. É pesada, Senhor, a minha
responsabilidade. Mas, se me escolhestes confio na tua graça.
Caminharemos juntos, Senhor, tu, apoiando-me, iluminando-me; eu,
colocando-me à tua disposição, à disposição da tua Igreja,
preparando-me, atualizando-me sempre mais para servir melhor o teu povo.
Faze-me teu instrumento para que venha o teu reino, reino de amor e
paz, de fraternidade e justiça, reino, onde Deus será tudo em todos.
Amém.
Fontes Bibliográficas consultadas: Catecismo
da Igreja Católica 1993, Diretório geral para a catequese 1998,
Catequese renovada nº 26 da CNBB 1983 e Preparação para catequistas
(Gabriel Chalita) 2000 e Livro do Catequista Fé vida e Comunidade
Editora Paulus 13ª Edição 1994.
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